Uma vez me disse ter visto sempre o Céu chover
Não sei mais.
Era de costume perder toda a noção do que existia fora daquela visão da garoa caindo
A luz que a refletia, como se fosse queimar. Mas não.
Era você do outro lado do mundo de dia, e a noite que aqui se fazia.
Também não mais.
Eram os dias esperados
As manhãs bem acordadas
As tardes em que dormia
As noites de trabalho
Em madrugadas de agonia.
A chuva começa a fechar, visão a embaçar.
Não ver, não ter. Esperar.
Eu não sabia do seu mundo, como era ter essa idade de tanto se desprezar
Agora me acontece, vejo o que via cair e só agora sei como enxergar.
Tarde. Cedo. Na hora em que não sei começar.
Talvez os fios dos postes molhem com a água da chuva e queimem
Talvez a luz acabe aqui e me faça parar
Talvez, talvez, eu não sei mais o que sinto quando continuo a olhar.
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