domingo, outubro 27

3 asas

Uma coluna vertebral brilha no claro de luz sob o teto
Aurea lado a lado
Suspiros solitários - Em um prazer maior
Pensamentos dos três juntos
O tempo gritante
Ele de volta, não ouve nada
Tudo feito no silêncio de uma noite chuvosa
Em cores sem cor
Suspiro aliviada de mim mesmo aqui
Acho que não, seu grande interesse em mim sempre me interessou muito
Um ser de três asas.

quarta-feira, outubro 23

Lacrimologia

A matéria escura que não emite nem reflete luz, completamente invisível. 
A pista que  deixa é sua imensa força gravitacional - Se há matéria, há gravidade.
Quinta dimensão entre vãos e curvas de tão vasto mundo que se diz conhecer.

Vendo o que não se quer ver
Sendo levado para onde não quer
Encontrando o que não conhecia
Nunca mais querer ver o que se abriu para ver.
Impossível não lembrar.

Se  eu tivesse nascido três minutos depois que nasci eu não teria quebrado minha mão
Não teria ouvido o ônibus freiar,  não teria caindo na chuva, não saberia interpretar
Não teria conhecido ele por breve falta de tempo, não teria então amado ele.
Não teria visto meu Pai morrendo, Não teria vivido nada disso, não seria eu

Por certo, por errado, as luzes acenderam algumas vezes e me fizeram sonhar
Por outras, se apagaram por completo, e sofri com medo dessa tristeza nunca acabar
Então aprendi a amar e desprezar. Nunca odiar.
Em um momento de dor e sofrimento, no mais solitário e real, estou lá
O maior medo que qualquer um possa ter - Se ver, se conhecer.
Olhando para dentro de si e vendo sem nenhum limite o quão fundo se pode chegar.

Para o bem, para o mau.
Deitada, em um minuto fetal imóvel, enxergo quantos organismos fluem e vivem sem ver
Enquanto reflexos passam por mim, vistos do Céu, os vejo pelo meio das cortinas na janela
Busco como em um suicídio mental tudo que de pior existe em mim
Vejo esses sentimentos borrados no interior
Trazendo-os a flor da pele numa busca de me machucar
Proposital, cruel e imoral. Encontro ali o que busquei e destruo mais um desses pensamentos
A cada vez se vai mais de um ego escarmentado mente afora. Queimado e esquecido
Estou morrendo cada minuto por dentro, cada segundo de vida é levado um pouco de alma
E com ela se vai também a compaixão por si, o orgulho, o cinismo
.
Estou fingindo por fora, e com isso encontrando as vezes um ser que não sabe crescer.
 Me iluminando em uma atmosfera nociva
- E não sei mais sair. E não quero mais.

Me alimentando do que posso, repousando em outros planetas. Nascendo a cada dia.
Antes que eu falhe comigo mesmo. Antes que eu comece a viver de agonia.
Me rendo, sofro.
Entrego e conheço tudo que existe em mim
Deixo de vez - Nenhum apego. Nenhuma razão.
A dor já não sinto mais
Não amo mais 
Não sofro mais
Não julgo mais.

Mas águo - Choro o tudo que preciso eliminar.

quinta-feira, outubro 17

Marte


Tão quente são seus dias
Meu interno bipolar.
Tenho vivido com sua complexidade desde o meu primeiro chorar.
Em minha pouca idade de existência só agora consigo te enxergar.
Do sangue me livrei, me entreguei a um flutuar.

Saturno

Anjo vivo de olhos claros
Banha-me em puros sonhos que tanto teimo em sonhar.
No dia em que me convidou para ir com ele até o espaço.
E tudo tem sido mentira desde então.
E tudo que vejo é pouco desde lá.

Mercúrio


Tenho observado Mercúrio pelas minhas grandes lentes de telescópio lunar.
Nesses anos, o vi chegar tão próximo e as vezes me queimar.
Por vezes tão longe, ao ponto de me fazer te amar e chorar.

domingo, outubro 6

Casulos

Meu amor,

Hoje senti tanto a sua falta.
É um alarme tão falso mostrar que me divirto com tão pouco.
Estou morrendo, morrendo. E mentindo.
E continuo enxergando os trovões nos dias em que não chovem.

Andando nas ruas com uma aparência tão vazia, ruim.
Sorrindo vazio enquanto tomo um sorvete que tem seu gosto.
Todos querendo entrar. Rindo como um Deus.
Não vejo mais nenhum problema em mentir para mim mesmo. Montando casulos.
Quero fechar as cortinas de quem aplaude a minha frente e voltar ser o que sou atrás delas.

Meu, meu
Apenas com dezesseis já andava cambaleando enquando provava dos amargos que iria gostar
Estou acordada a todo tempo vendo se a Lua explode dentro do céu negro. Tão doce.
Esvziando, esvaziando.
Me lembre sempre porque seremos borboletas sem asas.
Ver beleza onde não há e querer voar sem poder.

Amor, amor
Não existe problema em vagar a noite rasgando memórias da forma mais triste.
Sendo que só assim vejo a vida que tivemos.