sábado, janeiro 26

O ter. O ser. O alegrar. O não amar. O viver.

  De ter certeza.
A vida onde começa e não termina.
A vontade de trabalhar para ter, ai comprar, dizer que agora tem, mas não ter.
Se as coisas livres que nossos olhos podem ter como o sol no amanhecer
como um olhar sem saber o por que, ou o dormir de descansar para então poder viver. Por quê?




   I e II
A diferença entre o não ser e o não ter. O não ser que não te faz bem, aquele que não basta que você aparente ser bom, querido ou melhor, se por dentro você não é. Isso é o não ser.
O não ter não vale de nada, o que se precisa ter? Precisamos ter algo para mostrar? Para que gostem de nós pelo poder? Ou para que olhem para nós apenas pelo ter? O ter não vale a vida, o ser vale. O que somos, ou o que queremos ser.


   III


O que me faz pensar que eu fui feliz nos momentos nos quais eu acho que fui? Em algum momento, dentro de um momento eu sorri, e estava num lugar ou com quem gostaria - Isso me fez feliz. Eu vou lembrar?
Em algum outro momento eu me senti feliz, e quis que as pessoas que não estavam lá soubessem da minha alegria; Queria provar. Foram alguns momentos que amei viver, e busquei de novo ter, obrigando a vida fazer de novo acontecer. Por pura inocência achando que ia ter. Mas iguais novamente não vou viver. Não vão acontecer. Minha vida, como a de qualquer ser, corre águas que por duas vezes é impossivel beber. Posso matar a sede as vezes, mas não com o mesmo.




   IV
"...Foi a chuva que molhou friamente o que eu achava que poderia de novo amar." Mas no fundo sabia
que não. Eu quis, eu tive. Eu busquei e consegui, eu tentei pra sempre ter e ele acabou por ir.
Quem foi? Ele se foi ou meu coração? Ou ele levou junto com ele? Achei um dia ter tido um?
Perguntas que sei responder, sei de mim o que não vai mais acontecer.
Eu não quero porque não preciso. E o não precisar me faz não sofrer. E não é medo de perder, e só um não mais conseguir sentir que é meu para poder perder.


                                                                     
  V
Despertar!
Qual a certeza que se tem do que foi real ou não? A vida corre pelo meio dos dedos e você acha que ainda pode viver. O que valeu foi o que se lembra, ou o que se sonha ter. E se sonhar, vai acontecer? Por que a vida não basta sonhando o que se quer viver? Se eu quero, e imagino como a vida poderia ser, por que preciso fazer o mundo e o resto ver? Se para eu viver já é tão bom o que quero ter.
Como eu amo ouvir o som dos trovões cortando o céu cinza.
Foi o sol nascendo grande e luminoso num dia frio fora da minha janela, me dizendo para somente acreditar nele e não por isso eu precisava todo dia ver. Os dias que chove, ele não está ali, mas me disse que está.
Os dias luminosos ele se faz presente até o dia repousar. Mas a lua, a lua em qualquer tempo vai estar lá. Despertar.

quarta-feira, janeiro 2

É um nascer, é um morrer. É de tentar amanhecer.

  Era o sol nascendo mais uma vez e cortando meus olhos em luz
ventando e chovendo, não havia no que acreditar.

Foi de esperar o tempo que nunca chegou,  a vida que sinto falta e nem esteve lá.
Correndo e vivendo, ou achando que era.

De ter chorado sem o mundo ver, mil vezes. Eu era você.
Do tempo que eu sabia quem eu era, do tempo em que eu podia saber.

Eu que queria o poder
É de tentar te ver
É de provar a vida que não foi
É uma vida toda que vai doer
É de chorar, é de sofrer
O que pensei. Onde eu queria me perder.
É sobre os elefantes correndo pro mar
É sobre a chuva que molha sem molhar
É sobre os passos que dou sem poder chegar
É de ter visto e não mais ver.
Foi um flutuar, de se entregar e depois não ter.
É um nascer, é um morrer.

Sou eu andando no mundo sem saber se estou ou se ainda vai anoitecer.