sábado, abril 7

-Janela de corte-

Eu preciso me confortar de tudo que corre em mim
Me confortar
Me conformar.

Tudo corre lá fora, nos dias que passam tão rápidos e não vejo
Se não abro a janela, aqui corre sem pressa
Por mais contraditório que seja, ainda assim, sem pressa.

Me puxa pro mundo que eu quero ver
e saio, vejo, provo dele
O salgado, o amargo e o doce
Dos três eu prefiro todos
Prefiro tudo que eu provei
vai ficar aqui, pro bem e pra mim.

Segredos contados e mentidos de tempos que nem existiram
Eu mesmo acredito neles as vezes
No que contei e que fiz
Não fiz, nem perto disso
E acredito mesmo assim.

Sem sentido tudo corre lá fora, aqui parada eu vejo quantas gotas De água descem por dentro do copo
Uma, duas, as vezes três
Descem e param
Assim como tudo que cai;
Meu corpo que cai
e se eleva,
Sem pressa, no tempo que precisa
Sem a necessidade de aparecer, mostrar e ser o que querem ver
Eu tenho, me tenho, e sei o que há em mim
É só o que preciso ter.
Trago, agora que te achei na minha paz de um dia
O som, de tudo que eu queria ouvir, ouvi hoje
No tom, no modo que parece a ser dito
Senti do fundo o que gostava e gosto
Saindo de outra boca, sem ser a de costume
Não minha, nem tive, nem tenho
Mas parece, nos olhos e no que fala
O novo sem ser o que eu sei que é
Me tem.

No que quero que veja,
Provando por dentro, um gosto do fundo
Do que existe de verdade
Que em mim aquece tão forte hoje que vi.
Mudando no modo que vê o dia, os sons e a noite aqui
Que vi ai, de uma outra janela que não era a minha
Estava lá, não você
O que me lembra, te lembra;
Que os olhos devoram, o corpo e os sentidos
Os meus sentidos e o seu corpo
de verdade, sem nenhuma metáfora de livros que mudam as palavras Pra algo melhor e soe mais bonito
sendo que o que temos na verdade, não tem como ser mais bonito.

A imagem que tenho do dia, do dia se hoje. O único dia.

Faz viver, acordar o que existe aqui
Dentro, dele, de mim;
Já tenho os traços há tempos
Mas hoje, só hoje eu vi, enxerguei eles
Querendo por hora te-los aqui
Olhando pra dentro do que há em mim.

E corre, transborda, quase que explode
O medo da hora da morte
Mesmo estando tão longe, que penso ter tudo antes
Aconteça na hora que for, queria agora, agora que olho querendo Ter de verdade.
Desejo, sem o medo que tenho de costume
O momento que chega sempre
Do êxtasedo auge dos sentidos,
Grita e se faz querer,
Nos olhos de desejo, no calor que fez padecer,e me fez querer, te Fez fazer
Fizemos.

Meu templo, cansado por hoje
Se abre a espera do forte,
Não temo a hora do corte
Hoje
Só espero e quero
Desejo com sorte
e não acredito quase nunca
Mas só hoje desejo
Por querer só hoje
Te ter na minha janela de corte
.

quinta-feira, abril 5

Grande Demais

Mundo pequeno demais
  pequeno demais.

Tantos dias, um céu, uma lua, mil olhares
um mar, grande demais
grande demais.

E tudo que vejo é menor que eu, os melhores são menores, os que amo, só iguais.
Nada é mais alto, nenhum medo a curar.
Cresci.
São mãos extraordinárias de um ser, melhor. Eu.
Um passo a frente de mim mesmo
Todos os dias que fazem acordar
Ganhei do Eu de ontem , perderei para o de amanhã.

Tentam equilibrar, fundir, quebrar
Só me faz levantar.
Mais alto, mais alto, melhor!


Não vão entender, falhamente tentarão se igualar, copiar
Pior.

Estou a mais, a frente de mim
comecei hoje, amanhã terminarei; Começarei
Um mundo. Tão dentro. O meu. Melhor.