quarta-feira, outubro 23

Lacrimologia

A matéria escura que não emite nem reflete luz, completamente invisível. 
A pista que  deixa é sua imensa força gravitacional - Se há matéria, há gravidade.
Quinta dimensão entre vãos e curvas de tão vasto mundo que se diz conhecer.

Vendo o que não se quer ver
Sendo levado para onde não quer
Encontrando o que não conhecia
Nunca mais querer ver o que se abriu para ver.
Impossível não lembrar.

Se  eu tivesse nascido três minutos depois que nasci eu não teria quebrado minha mão
Não teria ouvido o ônibus freiar,  não teria caindo na chuva, não saberia interpretar
Não teria conhecido ele por breve falta de tempo, não teria então amado ele.
Não teria visto meu Pai morrendo, Não teria vivido nada disso, não seria eu

Por certo, por errado, as luzes acenderam algumas vezes e me fizeram sonhar
Por outras, se apagaram por completo, e sofri com medo dessa tristeza nunca acabar
Então aprendi a amar e desprezar. Nunca odiar.
Em um momento de dor e sofrimento, no mais solitário e real, estou lá
O maior medo que qualquer um possa ter - Se ver, se conhecer.
Olhando para dentro de si e vendo sem nenhum limite o quão fundo se pode chegar.

Para o bem, para o mau.
Deitada, em um minuto fetal imóvel, enxergo quantos organismos fluem e vivem sem ver
Enquanto reflexos passam por mim, vistos do Céu, os vejo pelo meio das cortinas na janela
Busco como em um suicídio mental tudo que de pior existe em mim
Vejo esses sentimentos borrados no interior
Trazendo-os a flor da pele numa busca de me machucar
Proposital, cruel e imoral. Encontro ali o que busquei e destruo mais um desses pensamentos
A cada vez se vai mais de um ego escarmentado mente afora. Queimado e esquecido
Estou morrendo cada minuto por dentro, cada segundo de vida é levado um pouco de alma
E com ela se vai também a compaixão por si, o orgulho, o cinismo
.
Estou fingindo por fora, e com isso encontrando as vezes um ser que não sabe crescer.
 Me iluminando em uma atmosfera nociva
- E não sei mais sair. E não quero mais.

Me alimentando do que posso, repousando em outros planetas. Nascendo a cada dia.
Antes que eu falhe comigo mesmo. Antes que eu comece a viver de agonia.
Me rendo, sofro.
Entrego e conheço tudo que existe em mim
Deixo de vez - Nenhum apego. Nenhuma razão.
A dor já não sinto mais
Não amo mais 
Não sofro mais
Não julgo mais.

Mas águo - Choro o tudo que preciso eliminar.

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